terça-feira, 3 de agosto de 2010

O som do silêncio

Do nada, eles se calaram. Ninguém havia pedido silêncio, não. É que o assunto sadio simplesmente acabara, morrera. Seria inútil qualquer manifestação da fala, já que todas as palavras existentes no mundo os levava sempre ao mesmo lugar: o vão. O tom irônico havia começado a tomar conta de cada letra, já não era mais sabido em que sentido as palavras encontravam-se, o literal e o figurado embaralhavam-se. Tudo fugia de qualquer entendimento, e eles estavam inaptos a compreender tal confusão, lógicamente. Por isso que calaram-se. Não tinham mais nada em comum, (quase) nada para compartilhar, então, afastaram-se e seguiram seus respectivos rumos separados. Porém, mesmo que apartados, pelo resto dos tempos continuaram compartilhando algo inquebrável e exclusivamente deles: o som do silêncio.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Abstração não se concretiza.

Estou cansada de pessoas que vivem em busca da felicidade completa. Acho isso tão idiota, afinal, a felicidade não é algo concreto, é impossível a obtermos e a segurarmos para sempre. Se alguém está triste, não significa que é infeliz, mas a maioria acha que tem a obrigação de ser feliz 24 horas por dia, se não, há algo que precisa ser mudado etc.

Para mim, a felicidade pode estar presente em diversas coisas: numa paisagem, numa música, numa rua… Enfim, cada um pode atribuir a felicidade ao que quiser, é relativo. Acho que as pessoas deveriam se conformar um pouco mais com a realidade. Não digo se conformar com injustiças, nem com coisas absurdas, mas como a vida é: com altos e baixos.

Finalizando, um conselho para todos: não desistam facilmente das coisas se acham que a felicidade não está com vocês a toda hora. Apenas esperem… É melhor esperar para ver se melhora, do que mudar tudo e depois se arrepender. Afinal, assim como a tristeza, a felicidade é inconstante; vai e volta, volta e vai. Conformem-se.

Certezas, inúteis certezas.

Era uma vez uma menina. Ela tinha cabeça forte, era decidida em todos os sentidos e cumpria o que jurava. Coitada. Mal sabia que todas as suas virtudes não dariam certo num mundo de pessoas tão iguais (não a ela).

Um menino, certo dia, mostrou-se tão parecido com a menina, tão cheio de juras e certezas, que ela acreditou. Pensando que ele seria realmente como ela, a garota depositou todas as suas confianças nele. Deu errado… O menino era comum, igual aos outros. Era apenas uma fase dele quando se mostrava parecido com ela, logo mudou.

Frustrada e deslocada… Assim ela ficou no fim. A menina, que tinha cabeça forte, que era decidida em todos os sentidos, que cumpria o que jurava, não mudou. Embora estivesse certa, tinha a certeza de que precisava ser errada como os outros para dar-se bem. Mas não conseguiu: continuou crendo em todas as juras e certezas do menino, pois fixou o conceito inicial de que ele era diferente, assim como ela, assim como pessoa que tem ESSÊNCIA.

E a menina espera, espera até hoje que ele volte a ser como era, continua acreditando que ele possui uma ESSÊNCIA. Ninguém consegue mudar a garota…

Novos céus, passadas estrelas…

Que serventia tiveram estrelas passadas,

Se hoje há imenso temporal?

Quando só apresentada às nuvens carregadas,

Em nada me surpreendia um momento como o atual.



Que serventia tiveram estrelas passadas,

Se na chuva me deixaram com saudade anormal?

Quando só apresentada às nuvens carregadas,

Fadada eu não estava a desejar essa beleza fatal.



Estou quase acabando por agora,

Cruel e indomável amigo…

Mas antes de ires embora,

Quero mostrar-lhe que foi o meu maior castigo:



Enquanto contigo estive,

Que céu limpo e brilhante retratava meu coração!

Mas como você é estrela e de mudança vive,

Na chuva me largou sem ao menos fixar meus pés no chão.

Paraguai: a antiga ameaça ao mundo imperialista (amo ironia)!

Sexta-feira passada eu tive uma prova de Humanas e, para a minha satisfação, caiu uma questão de História sobre a Guerra do Paraguai assim:

* Caracterize a economia do Paraguai às vésperas do conflito.

Eis a minha resposta:

* À vésperas do conflito, o Paraguai encontrava-se com a economia bem atrasada, pois o país era precário em termos industriais e vivia a base de agricultura, onde 90% das terras pertenciam aos Lopez. Ou seja, a economia estava pior ainda que atualmente.

Se sou insana? Não, não sou. O que eu respondi não foi minha invenção, mas apenas a verdade que os (malditos) livros didáticos ainda não aderiram. Deixe-me explicar: aquela história que o Paraguai era um país em grande desenvolvimento, a maior potência da América do Sul, uma nação independente etc., é mentira. Em 1968, o historiador e militante político argentino Léon Pomer lançou um livro chamado “Guerra do Paraguai: Grande Negócio”, que foi o primeiro a implantar essas ideias. Depois, em 1979, surgiu a versão brasileira, chamada “Guerra do Paraguai: Genocídio Americano”, de Júlio José Chiavaneto. Estes dois livros, digo, “obras ficcionais”, são responsáveis por todas as concepções atuais que temos sobre o conflito, pois influenciaram praticamente todos os livros didáticos de história e geografia.

O historiador e diplomata brasileiro, Francisco Doratioto, lançou em 2002 o livro “Maldita Guerra”. A obra foi escrita com base nas pesquisas feitas por Doratioto, onde ele desmente todas as histórias contadas pelos livros anteriores: o Paraguai era um país rural, latifundiário, atrasado, opressor, burocrático, entre outros vários fatos que não entram na questão da prova que eu fiz. E deixando bem claro que o historiador buscou todas as informações em fontes primárias, coisa que muitos educadores não parecem conhecer.

Contudo, a versão atual e verdadeira da Guerra do Paraguai não predominou até agora nas escolas e, infelizmente, continuamos sendo enganados com uma ficçãozinha tendenciosa dos anos 60 e 70.

E agora eu me pergunto: será a minha resposta considerada errada por eu não ter omitido a verdade e não ter escrito o que a professora queria ler? Creio que sim, mas eu não estou precisando de nota em História mesmo. E sejamos francos: nada mais saboroso do que tirar uma socialista do sério com uma simples verdade.

Modinha maniqueísta

Outro dia estava na escola conversando com os meus amigos sobre o que gostaríamos de fazer no futuro, e todos, com pequenas exceções, tinham os desejos homogeneizados, como: revolucionar o mundo, acabar com a destruição ambiental, dar um fim no capitalismo etc.

Tais sonhos não me surpreenderam, afinal, sempre tem gente que pensa de um jeito e gente que pensa de outro. Mas o que realmente me surpreendeu foi o fato de haver um grande número de pessoas (quase todas) pensando do mesmo modo, sem variações.

Devo admitir que a falta de diferenças vinda de meus amigos foi algo que me incomodou e me fez pensar muito. Estariam eles pensando assim porque obtiveram bastante conhecimento por conta própria e, com isso, traçaram suas linhas de pensamento individualmente? Ou simplesmente foram apresentados por terceiros a uma única tese já dita como verdade absoluta? Creio que a maioria esteja enquadrada na segunda opção, e isso está acontecendo em razão de um estúpido maniqueísmo que virou modinha, onde apenas há o certo ou o errado, não havendo o meio termo.

Hoje em dia, se você não pensar em revolucionar o mundo, acabar com a destruição ambiental, dar um fim no capitalismo etc., não será visto como uma boa pessoa, será considerado um filho da puta alienado pequeno-burguês que não liga para nada a não ser você mesmo. É tudo na base do radicalismo, o que é totalmente errado, pois já estamos cansados de saber que nenhum extremo é bom.

Não sei o que fazer em relação ao maniqueísmo, é um problema que não posso resolver porque se espalhou de uma forma irreversível. Mas continuarei não querendo revolucionar, não querendo acabar com a destruição ambiental (deixando claro que estou falando em relaçao a parar de usar sacolas plásticas, papel normal etc.) e, muito menos, acabar com o capitalismo. Quero apenas fazer as coisas que gosto, ter liberdade para pensar e falar o que quero. E não hei de aderir nenhuma ideologia, pois estas não cabem a mim, penso que a essência do ser humano nunca mudará e, apesar do tempo passar e as gerações mudarem, os mesmos erros serão cometidos, as indagações permanecerão constantes e o mundo nunca será perfeito. É tudo um ciclo.